RELATORA ESPECIAL DA ONU SOBRE VIOLENCIA CONTRA MULHERES E MENINAS DE OLHO NO BRASIL

O relator especial da ONU sobre violência contra mulheres e meninas elogiou na quarta-feira um esforço legislativo para revogar a controversa Lei de Alienação Parental do Brasil e remover a definição controversa de “alienação parental” na Lei de Audiências Especializadas do Brasil.

A relatora especial Reem Alsalem disse: “Esta iniciativa, liderada por um grupo de congressistas feministas, é um passo importante dos legisladores para alinhar o Brasil aos padrões internacionais de direitos humanos estabelecidos por tratados internacionais e regionais vinculativos de direitos humanos e padrões sobre igualdade de gênero e proteção da criança.”

O projeto de lei recém-proposto omitiria o conceito de alienação parental do Artigo 699 do Código de Processo Civil do Brasil, já que a noção tem sido criticada devido à “sua falta de base empírica, sua circularidade e pelas próprias crenças problemáticas [do teórico original] em torno do abuso sexual”.

O Brasil continua sendo o primeiro e único país a definir e criminalizar explicitamente a “ alienação parental ” pela Lei nº 12.318/2010, com críticos apontando que a lei legitima um pseudoconceito sem validade científica, que tem sido utilizado como arma em disputas de custódia para silenciar alegações de abuso. O Artigo 2º da lei define alienação parental como uma interferência no desenvolvimento psicológico da criança ou adolescente promovida ou induzida por um dos pais, avós ou responsável.

Esta disposição alimentou preocupações de que práticas parentais normais, tentativas legítimas de proteger as crianças de situações abusivas ou mesmo a própria relutância da criança em se envolver com um genitor abusivo possam ser erroneamente caracterizadas como alienação. Embora uma audiência pública sobre a aprovação desta lei tenha demonstrado que os pais tinham maior probabilidade de serem acusados ​​de Abuso Sexual Infantil (ASC), foi “falsamente relatado que 30-70% dessas alegações são falsas”. Embora a disposição seja neutra em termos de gênero, na prática ela tem sido tipicamente usada como arma contra as mães, especialmente aquelas que fizeram denúncias de abuso sexual e violência doméstica.

Alsalem também ressaltou a importância de implementar uma estrutura de atendimento empático e baseado em traumas na próxima audiência agendada sobre o projeto de lei de revogação, a fim de garantir que as necessidades dos sobreviventes sejam atendidas.

https://www.jurist.org/news/2025/09/un-special-rapporteur-calls-for-repeal-of-harmful-brazilian-parental-alienation-law/