GUARDA COMPARTILHADA E AS CRIANÇAS MOCHILEIRAS

Com a dissolução da família, e da guarda compartilhada, um dos comportamentos mais gritantes que a Justiça vem impondo é que a criança deva viver 50/50 do seu tempo em ambas as casas.

Importante salientar que as famílias nunca vivem com seus membros 50% do seu tempo juntos. Ora estão dormindo, ora estão trabalhando, ora estão na escola, enfim, essa forma de pensar é falaciosa, na medida em que conhecemos como é a vida cotidiana das famílias.

Quando falamos em guarda compartilhada 50/50 estamos colocando as crianças numa situação que nem nós adultos suportaríamos.

Imaginemos todos os dias essas crianças dormindo, uma noite em uma cama, e na outra, em outra cama, alternadamente. Imagine elas deixando de dormir com o cobertor favorito, ter seus pertences prediletos, dormir de determinada maneira. E, por decisão judicial, serem obrigadas a ter duas casas, dois quartos, coisas diferentes em um lugar e no outro. Manterem relacionamento de amizade de forma superficial, pois cada dia estão em casas diferentes. Aos finais de semana precisam se programar com quais amigos vão se encontrar, casa “A” ou casa “B”?

Se o melhor amigo faz aniversário na casa onde não é o final de semana definido pela Justiça, logo vão perder aquela festa onde vai estar a turma toda. Conclusão: No dia seguinte, na escola, todos os seus colegas vão falar da festa “badalada” na qual a criança não pode ir, por causa da “bendita” guarda compartilhada imposta pela Justiça.

Aliás, ninguém perguntou para essa criança como ela se sente, se ela queria ou não viver dessa maneira, ou qual sua opinião a respeito.

Essa criança cresce sofrendo bullying, pois sua condição de vida a faz se sentir “um pato fora da lagoa”. Sente-se deslocada, menosprezada e sua voz não tem vez. Começa a ter comportamento antissocial, e a vida começa a ficar sem sentido, pois a relação de “pertencimento” cada dia mais fica fragilizada.

Ter duas casas é como não ter nenhuma. As crianças são muito pequenas para administrar duas casas, logo, não criam raízes, e essa situação vai se projetar na vida futura dela, quando forem adultas, demonstrando que não tem ambição de possuir bens, porque, enquanto crianças, não foram treinados a adquire coisas e cuidar delas.

Vamos ver se estou certa?

Segundo uma publicação em 2015, a Geração Y, também conhecida como Millennials, já representa a maior parte da população na América e em breve ganhará o seu espaço no mercado de trabalho. Eles são responsáveis por comandar aproximadamente US$ 1,3 trilhão em gastos dos consumidores anuais.

Segundo um estudo realizado nos EUA pela plataforma online de gerenciamento de eventos Eventbrite, os indivíduos nascidos de 1980 a 1996 não só valorizam experiências, mas também dedicam seu tempo e dinheiro com eles próprios.

Ainda de acordo com o levantamento, estes jovens acreditam que a felicidade não está concentrada em bens materiais ou em status na vida profissional, mas sim em criar, compartilhar e capturar memórias adquiridas por experiências.

As gerações anteriores costumavam investir o seu dinheiro em bens materiais, como, por exemplo, possuir o primeiro carro o quanto antes. Já comprar a primeira casa significava a realização de um sonho e os Millennials não têm essa meta como foco principal.

A pesquisa concluiu que 78% dos jovens da Geração Y escolheriam gastar dinheiro com experiências em vez de objetos materiais e 55% afirmaram que estão, mais do que nunca, gastando nestas experiências.

Oito em cada 10 pessoas (82%) frequentaram mais experiências ao vivo no ano passado, como festas, shows, festivais e esportes do que gerações mais velhas (70%). Cerca de 72% dos entrevistados também dizem que gostariam de poder aumentar os seus gastos nessas experiências no próximo ano, mais do que com objetos físicos.

Aproximadamente 77% dos jovens da Geração Y dizem que as suas melhores lembranças foram obtidas de experiências e eventos ao vivo e 69% acreditam que o costume faz com que eles se sintam mais ligados às pessoas, à comunidade e ao mundo.

A pesquisa também fala sobre o FOMO, que significa um medo de que, por exemplo, a pessoa perca uma ótima experiência se deixar de ir a uma festa, considerando que cada evento é único e acontece uma vez na vida. Para a geração, o FOMO não é apenas um fenômeno cultural, mas sim uma epidemia. Quase sete em cada dez pessoas (69%) tem FOMO.

Projetando isso para nos próximos 20 anos, a nova geração não vai querer adquirir carro, mas vão utilizar veículos compartilhados tais como “uber”, metros, ônibus, etc. Também não vão adquirir bens imóveis, logo, o mercado imobiliário ficará lotado de imóveis para a venda e poucos compradores. Teremos um colapso econômico com imóveis baixando de valores, e mesmo assim, sendo vendidos por preço de bagatela, não teremos compradores em potenciais.

Por outro lado essa nova geração, usando o dinheiro como coisas fúteis, tais como festas, viagens, etc., projetando esse comportamento a longo prazo, também serão idosos improdutivos e dependentes economicamente do Estado, pois serão idosos sem familiares, haja vista que essa nova geração não se preocupa em casar, portanto, não terão condições de se auto cuidarem, enchendo a fila dos asilos ou de casas de proteção a idosos do Estado.

Na realidade, o que precisamos trabalhar são nas questões de que, primeiro, pertencemos a uma família e somos parte uns dos outros. Isso é um ponto crucial que precisamos diariamente bater nessa mesma tecla.

O que é importante salientar no contexto familiar não é a questão do tempo, mas na qualidade de tempo que temos gastos entre família. Estar o tempo todo juntos não significa que somos uma família exemplar, pois muitas vezes estar junto o tempo todo, tira de nós a possibilidade de novas experiências e novos informes, que posteriormente devem ser trazidos, discutidos e se for saudável deve ser incentivado para o enriquecimento psicológico do núcleo familiar.

O que precisamos incentivar é mais e mais “Escolas de Pais”, pois na realidade ninguém nasce pai ou mãe, mas torna-se. Os desafios da família moderna são inúmeros, mas as necessidades são as mesmas desde os primórdios. Portanto precisamos trabalhar com o fortalecimento do núcleo familiar em todos os “braços” sociais, seja na escola, universidades, igrejas, clubes, etc. Precisamos realmente fazer um “mutirão” em fortalecimento da família brasileira.

Que Deus nos ajude!

https://guiame.com.br/colunistas/patricia-alonso/guarda-compartilhada-e-criancas-mochileiras.html?fbclid=IwAR11iTUX-GosEHGtIA5Po6iTy3Kgi5geAL5vP5kw5P-eZjqtYErhllYHAcc